terça-feira, 28 de agosto de 2012

Porta

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Fast poetry
(Escrito numa tarde de terça-feira)

O silêncio chegou
Lentamente as estrelas apagam-se
Uma por uma elas dão adeus

Por fim aconteceu
O fim de tudo visita-nos
Não é mais um lenda em velhos livros sagrados

As pessoas não perceberam até ser tarde
As pessoas não se deram conta até que toda Arte morreu
Até que todo sonho de Amor exauriu-se

O caos impera lá fora
mas aqui dentro há uma certa paz
Em breve tudo se calará

Não mais rosas
Não mais brisas mornas
Não mais Beethoven

Não mais corações partidos
Não mais conflitos
Não mais noites frias

Agora já está quase terminado
O ruído lá fora quase calou-se
Não há mais estrelas em minha janela
A Lua há muito já partiu

Pergunto-me se é agora que a divindade irá se manifestar
Ouço batidas na porta
Corro a abri-la...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Máquina

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Fast poetry
(Escrita em um ônibus numa manhã de segunda-feira)

As engrenagens cotidianas começam a girar novamente
E você já está capturado por elas
Os dias de darwinismo recomeçam
Você se pergunta de onde tirar forças para alcançar a próxima ilha
Mas não acha a resposta
Não há um amor para alimentar seu coração
Não há uma promessa de aconchego no retorno à casa vazia
Até seus sonhos o rejeitaram
Então você apenas deixa a máquina devorá-lo


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Descanso

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Fast poetry
(Escrito em um trem numa tarde de sexta-feira)

A esta hora a rotina das obrigações já começa a calar-se
A mundanidade cotidiana exaure-se

Há o cansaço grave de uma semana trabalhada
Há a esperança de armistício das batalhas diárias

Mas que paz o espera se sua vida resume-se à batalha cotidiana?
No fundo você teme este silêncio do repouso
Um silêncio que encobre o vagar de seus dias

Dias em que não há música
Dias sem um "eu te amo"
Dias sem dança
Dias sem sussurros afetuosos ao ouvido

Você apenas fecha os olhos
Imaginando canções silenciosas


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Entre (ou o Poema do Perdão)



Pode entrar,
As fronteiras estão desguardadas
Meu espírito está desarmado

Não repare nos pássaros silenciosos
Ou nas fogueiras apagadas
Ou nos relógios parados
Tudo isso apenas aguardava teu retorno

Sei que vens com o coração pesado de erros passados
Mas os rios de meus afetos continuam correndo
Os oceanos de meu perdão ainda cantam 
Apenas banhe-se neles

Sei que talvez leves algum tempo
para que te sintas livre para se aventurar nas montanhas de minhas emoções de novo

Pode entrar neste meu pequeno país com a certeza de que
que dentro destas fronteiras estarás sempre segura


domingo, 19 de agosto de 2012

Nostalgia

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Numa noite fria e amarga como esta lembro-me de seus olhos
Recordo-me das constelações brilhando no fundo deles

Nesta noite oca
lembro-me da sinfonia de sua gargalhada
tomando o ar
e devastando o silêncio e a tristeza

Neste instante sem abraços
seu perfume invade minha memória
e a imagem de sua silhueta refresca meu deserto

Numa noite fria e amarga como esta
remonto em meu coração o quebra-cabeça de nossos sentimentos,
as palavras dispersadas de nossas conversas procuram seus lugares

A memória do calor que você soprou em meu espírito ainda brilha teimosa

Esta pequena e mágica chama
é que torna as noites menos cruéis





sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Talvez



Fast Poetry
(Escrito no ônibus em uma sexta-feira)


Não desapareça na loucura do cotidiano
Não se deixe silenciar pela cacofonia diária
Não me deixe no vazio

Conceda-me ao menos um oi,
um bom dia,
ou um esperançoso talvez
Principalmente um esperançoso talvez

E com esta migalha de sua atenção
suportarei as banalidades ferozes de mais um dia


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Abraço Vazio

Fast poetry
(Escrito em uma manhã fria de segunda-feira)


Há esta revolta surda em meu coração
Um desalento que diz que tudo está errado

O curso dos rios está errado
A forma das nuvens está errada

Mas não há ímpeto em mim para lutar
Estou gasto
Meus sentimentos se esqueceram de existir,
depois de tanto tempo cantando sozinhos

Tantas esperanças tolas alimentadas,
Tanto Amor sem ter a quem abraçar

Agora já não lembro o que é nada disto
Só lembro-me do gosto do frio
Só lembro-me do ruído do vazio